TEXTOS


Artigos de Divulgação
DNA DA PALAVRA - Por. Aldo Bizzocchi

Queridos alunos do Ens. Médio, nossa escola recebeu um exemplar da revista Língua Portuguesa, na qual está publicado o artigo O Dna da palavra, que comentamos em nossas aulas, quem quizer ler o artigo na íntegra aqui está ele, ou podem também acessar os sites www.revistalingua.com.br ou www.aldobizzocchi.com.br.
Publicado em Língua Portuguesa, ano 5, n.º 61, novembro de 2010
Análise estilística por meio de processos estatísticos permite fazer “testes de paternidade” em textos
Quando se fala em tecnologia, pensa-se logo em coisas como eletrônica, informática, engenharia genética… enfim, atividades que resultam da aplicação prática dos conhecimentos produzidos pelas ciências naturais. Mas o que muitos ignoram é que as ciências humanas também produzem tecnologia. No caso da linguística, essa tecnologia não se limita ao ensino de idiomas ou à confecção de dicionários. A inteligência artificial, por exemplo, não seria viável se as máquinas não fossem dotadas de uma “aptidão linguística” que as torna capazes de reconhecer e interpretar enunciados, fato que só é possível graças à união do conhecimento linguístico aos recursos computacionais.



Mas uma outra tecnologia interessante possibilitada pela linguística é a análise estilística de um texto por meio de processos estatísticos. Isso permite, dentre outras coisas, fazer “testes de paternidade” em textos assim como se faz em pessoas – como se existisse um “DNA do texto”, isto é, marcas estilísticas que o relacionam a outros textos do mesmo autor e o distinguem de textos de outros autores.
Para entender como isso é possível, vamos definir o que é estilo. Intuitivamente, sabemos que todo autor escreve de um jeito que é só seu, e, em alguns casos, esse jeito é tão marcante que reconhecemos de cara a autoria da obra. Mas a definição intuitiva de estilo pode ser enganosa. Por isso, desenvolveu-se uma definição “científica” de estilo, baseada em padrões estatísticos: estilo é tudo o que, na obra de um autor, ocorre com frequência superior à média das obras de todos os autores. Assim, todo escritor usa certas palavras, construções sintáticas, figuras de linguagem, imagens e estruturas narrativas mais do que outras. Isso é, em parte, involuntário. Por mais que ele varie seu repertório, repete padrões inconscientes, que têm a ver com sua personalidade, as influências que sofreu, os textos que lê e nos quais se inspira, e assim por diante. Essas preferências deixam marcas indeléveis no texto, como as impressões digitais de seu criador, ou uma sequência de DNA. A análise estatística desses padrões permite reconhecer a paternidade da obra.
Esse método permitiu demonstrar que, apesar das notáveis diferenças de estilo entre Fernando Pessoa e seus heterônimos, todos os textos são de Pessoa, pondo por terra uma teoria corrente décadas atrás de que ele teria poderes mediúnicos e psicografava versos de outros autores.
Aliás, alguns livros psicografados foram desmascarados como fraudes por essa mesma técnica: apesar de supostamente ditados por espíritos diferentes, foi possível provar que o estilo de todos coincidia com o do próprio médium.
Polêmica
A análise estatística de estilo também suscitou uma polêmica religiosa. Uma das poucas fontes não bíblicas comprovando a existência histórica de Jesus é o Testimonium Flavianum, uma passagem do livro Antiguidades Judaicas, do historiador judeu-romano Flávio Josefo, escrito no século 1º d.C, que relata muito brevemente a condenação por Pilatos, a crucificação e a ressurreição. A passagem, traduzida do grego, é a seguinte:
Havia neste tempo Jesus, um homem sábio, se é lícito chamá-lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um professor tal que fazia os homens receberem a verdade com prazer. Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre os gentios. Ele era o Cristo. E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram; porque ele apareceu a eles vivo novamente no terceiro dia; como os divinos profetas tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas a respeito dele. E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje.
Por destoar em termos estilísticos do restante do livro, além de encontrar-se numa posição que quebra a sequência lógica do texto, esse trecho vem sendo considerado por vários especialistas como uma interpolação, isto é, uma inserção fraudulenta realizada pelos escribas. Embora a controvérsia, surgida no século 17, continue acesa até hoje, há fortes indícios linguísticos de que se trate realmente de uma farsa. A grande dificuldade de emitir um parecer conclusivo é, por sinal, a pequena extensão do trecho. Aliás, esse fato tem sido apontado como mais uma evidência de que a passagem seria apócrifa. Afinal, por que Josefo teria dedicado tão pouco espaço a uma figura tão importante quanto Jesus, ao mesmo tempo que ocupou longas páginas com personagens bem menos importantes?
O fato é que a análise estatística tem sido uma ferramenta muito útil na pesquisa filológica, em que se procura estabelecer a versão original (ou a mais próxima possível desta) de um texto antigo. Sobretudo na época em que os livros eram manuscritos, havia muitos erros de cópia e mesmo adulterações propositais. A reconstrução da obra a partir do reconhecimento do estilo literário do autor usa métodos que incluem a estatística lexical (estudo da frequência com que as palavras ocorrem no texto em questão e nas demais obras do autor, além da comparação com a frequência média de uso dessas palavras na língua), a análise de padrões sintáticos (preferência por certas construções e combinações de palavras) e o exame da estrutura textual superficial e profunda, o que envolve técnicas de semiótica e de análise do discurso.
Como esse estudo se baseia em procedimentos estatísticos, têm sido desenvolvidos softwares para realizar tal tarefa. Isso permite a análise de grandes quantidades de texto (o que seria impraticável por meios manuais) e a construção de um corpus amostral de grande extensão, o que dá maior precisão aos cálculos e maior confiabilidade aos resultados.


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Este texto faz parte do livro Uma história por dia, traduzido por Klaus H. G. Rehfeldt, BrasiLeitura.

Alunos do 6º Ano Ens. Fundamental.

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Era uma vez um lugar onde só havia chuva e neblina, sem céu azul e sem raios quentes de sol. Não havia flores desabroxando, nem havia passarihos cantando, e as árvores não tinham folhas nem flores. E o que era pior – as crianças nunca podiam brincar fora de casa sem capuz, capa de chuva e botas. Isto deixou as pessoas tristes. Elas elegeram um bom rei e esperavam
que ele pudesse ajudar o país. O rei chamou os melhores e mais famosos mágicos de todo mundo. A cada um pediu para colocar flores nas cerejeiras e macieiras e para enfeitar os campos com inúmeras flores. Mas, por mais que os mágicos se esforçassem, nenhum conseguiu ajudar o rei e seu povo. As pessoas já desistir e emigrar para um outro país. Neste momento, o rei ouviu falar de uma tal de Primavera. Este Primavera, assim era seu nome, podia transformar um país num único mar de flores. O rei ouviu os outros países: “Ele já nos ajudou e espalhou seu perfume por todo lugar”.
“Por favor, digam-lhe que venha nos visitar também”, pediu o rei. E veja só! Certo dia, Primavera passou silenciosamente também por este país e transformou-o num grnade jardim. As crianças correram com alegria para fora das casas e, desde então, Primavera é conhecido como o maior mágico de todos.

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